29 janeiro 2019


Tenho tentado há meses juntar palavras que sejam coerentes para expressar, quem sabe, um pouco do que estou sentindo. Há pontas soltas e peças de um quebra-cabeças que não se completa, não se conecta. 

Sinto algo bem tênue e frágil entre sobras e vazios. 

Como pode alguém se sentir tão cheio de si e, ao mesmo tempo a incômoda sensação de que nem tudo está em seu devido lugar? Há algo inacabado. Incompleto. Talvez faltando. 

Profundas reflexões me levam a procurar por uma resposta categórica e convincente para responder esse tal vazio, que por vezes parece ser apenas loucura da minha cabeça. 

Nada que me desperte uma crise de ansiedade ou me afunde num sentimento de depressão.  Mas, ainda assim, se faz constantemente presente. 

Sou capaz de ignorar por alguns dias ou semanas, mas basta um pequeno detalhe e está acionado o gatilho. Somado às rotineiras decepções afetivas, o vazio de me sentir rejeitado ou qualquer coisa que balance a minha autoestima alta, da qual não canso de me gabar. São segundos ou minutos de inconstância que me fazem perder o controle e não entender, sequer ouvir, meus pensamentos e desejos. 

Pequenos surtos, que quando passam, me levam a refletir sobre o motivo. O questionamento é uma constância, saber o porquê de me sentir assim é uma prioridade e passo crucial para que eu me afunde numa busca de autoconhecimento. Ao menos eu já compreendi e aceitei que meu coração está quebrado, há feridas que por muito tempo foram ignoradas e, por conta disso, superficialmente cicatrizadas. Se quero seguir, preciso identificar e tratá-las. 

Só de pensar nisto, respiro aliviado, parece que ainda consigo cumprir o roteiro.
Escrevi mais um texto de emergência. 

Por ora é uma pausa nas minhas reticências.
 
© Revolução Nerd 2015. Design por Vitu